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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

32% da população da zona rural do Ceará são analfabetos.

A escolaridade média no Estado é de 5 a 6,5 anos de estudo, enquanto, no País, é de 6,4 a 7,5 anos, segundo o Ipea
Saber ler e escrever pode parecer um ato tão básico para alguns setores da sociedade e tão distante para outros. Segundo dados divulgados ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), quase um terço da população rural cearense é analfabeta. Um total de 32% de moradores que veem o mundo sem conseguir enxergar as letras e têm apenas uma média de 4,3 anos dentro da sala de aula.

Escrever o seu nome, entender a bula do remédio, redigir uma carta ou pegar um ônibus se tornam grandes desafios do cotidiano. Mas, o cenário já foi bem pior, alerta o Ipea. Em 2001, por exemplo, a porcentagem de analfabetos no Interior era de 43%, com média de 2,61 anos de estudo da população rural acima de 15 anos. Já na zona urbana, a taxa avançou, "pulou" de 19,14% para 14,8% em 2009. O tempo de estudo passou de 5,72 para 7,16 nesse mesmo período.

Tempo

O estudo aponta que o nosso nativo estuda bem pouco. O Ceará tem escolaridade, calculada pela média de anos de estudo da população acima de 15 anos, de 5 a 6,5 anos, enquanto, para a região Nordeste, elas são de 4,9 a 6,3 anos e, para o País, de 6,4 a 7,5 anos, respectivamente.

Unindo agora Interior e Capital, a população que não sabe ler e nem escrever compõem 18,6% da população, enquanto, no Nordeste e no Brasil, representam 18% e 9%, respectivamente. Em 2001, 24% eram analfabetos.

Avaliando a conjuntura, o professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Idevaldo Bodião, comenta que o analfabetismo é, apenas, a face mais grosseiramente constrangedora do todo.

"A escola brasileira, e não somente a do Nordeste, não conseguiu, no começo da segunda década do século XXI, garantir efetivação do direito à educação. Importa ressaltar que o direito à educação é parte fundamental do conjunto de Direitos Humanos", aponta o professor Bodião.

O problema não seria só a entrada na escola, mas o que e para quem se ensina. Para Bodião, os esforços que o Brasil fez, ao longo dos últimos anos, conseguiram, apenas, garantir o direito de acesso por meio da garantia das matrículas e com concentração para a população urbana.

Para o orientador da célula de estudos e pesquisa da Secretaria de Educação do Ceará (Seduc), Daniel Lavor, o estudo generaliza, apresenta pessoas mais idosas que nem sequer estudaram. "O Ceará tem uma história de subdesenvolvimento. A situação só tem melhorado de uns 20 anos para cá. Hoje, temos aproximadamente 100% das crianças na escola. Essa evolução ainda é muito recente. Temos o Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic)", diz Daniel Lavor.

Saneamento

Durante o período de 2001 a 2009, houve até um aumento da cobertura de água encanada, de 81% para 87%. Entretanto, cerca de 20% da população continuava sem o atendimento básico. Esse baixo valor, conforme o Ipea, deve-se, principalmente, ao rural, onde o percentual sem cobertura era de 47% em 2009.

Além disso, 93% da população rural vivia em domicílio sem esgotamento em 2009. Na área urbana, 57% não tinham tratamento adequado do resíduo.

Para o professor André Bezerra dos Santos, professor do departamento de engenharia hidráulica e ambiental da UFC, por mais que se tente investir na área, a população está crescendo e existe todo um déficit acumulado. "É preciso de um pouco mais de tempo para lhe dar com a grande demanda. São serviços carros e não são vistos pelos políticos como prioritários. Essa escassez gera problemas de saúde e no meio ambiente. Mas a Lei 11445/2007 obriga todos os municípios a elaborar planos municipais de saneamento", relata.

A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) informa, em nota, que houve avanços nos índices de cobertura no Estado tanto de água quanto esgoto entre. Na época, se encontravam em 97% e 35,6% e, atualmente, estão em 98% e 37%. "No quesito abastecimento, a Cagece atua em 266 localidades", ressalta.

Cobertura
20% da população cearense não tinham água encanada em 2009. Esse baixo valor, conforme o estudo do Ipea, deve-se, principalmente, à zona rural.

Fonte: Diário do Nordeste

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